20 julho, 2010

Dedicatórias

Eu sinto falta de o que nós costumávamos ser, nós mudamos tanto, não consigo reconhecer o ser que nos tornamos, isso não é o que nós planejamos, eu não sou mais eu mesmo, você abandonou, eu abandonei, mas agora tentamos consertar, fixar, grudar, mas isso não está certo, não é assim que as coisas devem ocorrer, não é dessa forma que nós devemos acabar, não é assim, não é. O silêncio é tão relativo, nós costumávamos ficar em silêncio enquanto nossas mãos se cruzavam e nossos olhos repetiam o mesmo gesto, hoje estamos aqui, sentados, um em cada extensão do sofá, nossos olhares cruzados, mas com um tom diferente, nós sabemos que tudo está arruinado, não queremos assumir, não queremos aceitar. Eu odeio noites assim.

19 julho, 2010

Não eu mesmo

Eu não sei escrever, mas escrevo para tentar me livrar de tantos pensamentos que acabam me deixando confuso, mas os textos não me ajudam, eles não esvaziam minha cabeça, os pensamentos nunca se vão, permanecem, me consomem, me corroem e me destroem. No momento não sei dizer quem exatamente sou, peço perdão por tal desventura, mas não é minha escolha, não tenho como mandar isto embora, acabo colocando de lado, seguindo em frente, mas continua aqui, nunca se vai, nunca.

Briga interna.

Ei! Olha só o que está vindo, é uma nova onda de alegria, ela vem com tudo e aparenta ser o suficiente para todos! Podemos finalmente dizer adeus para toda a guerra e toda ignorância que nos acompanha já tem milhões de anos. Finalmente vamos mudar, vamos inovar, vamos parar de renovar. Aperto de mãos, risos descontrolados, sons desconhecidos. Lágrimas, lágrimas rolam desesperadamente pelo rosto, elas anunciam a chegada pelo lado oposto, correndo, voando, vem se aproximando, não se consegue entender, mas finalmente se consegue ver que ela sempre esteve ali, nós não somos mais os mesmos que eramos, por favor, não vão embora, nós precisamos um dos outros, batidas, toques, calor, é tudo tão estranho, sem pontos, virgulas tomam conta das nossas vidas, eu me lembro de você, acabaste indo embora, outros foram com você, era cedo demais, não era a hora. Todo dia é uma pessoa diferente, a pessoa errada, a pessoa errata, mas foi embora, cedo demais e isso mudou com a continuidade do meu ser, do meu trabalho e de meus amigos, eu me lembro de você em dias assim, nas madrugadas perdidas onde me perco no meio da brisa que vem com os anjos e passam sem me ver, até a próxima vez. É tão estranho, não se consegue identificar, não, não, não, NÃO! Não se consegue, não se pode, não se admite, não pode ter sido tão cedo, cedo demais. Aprendendo a ter tudo que sempre se quis, eu tive o meu começo feliz, mas onde se está o final? Qual o motivo de serem tão antônimos? Qual o sentido? Lembro da tarde, mas não é sempre, você está ali, eu estou aqui, olhares se cruzam, você me manda aquele sorriso torto, mostrando-me seus dentes brancos, no mesmo momento a lágrima se encontra em sua face, você se vira, se vira. Revira e corre para mim, pula em meus braços e me dá um beijo no meio dos tantos outros que se seguiram, antõnimos se tornam sinônimos, ou algo do tipo.