17 junho, 2010

Relatividade

Era um domingo, no interior, na fazenda, as crianças, elas decidiram brincar, explorar, pesquisar aquele lugar, como faziam toda vez que iam para lá, decidiram brincar de se dividirem em duplas e quem conseguisse achar mais coisas daquilo que tinham definido antes da brincadeira iniciar, ganharia. Naquele domingo eles decidiram que iriam procurar restos dos corpos dos animais que viveram ali muitos anos atrás, tomaram a iniciativa após a avó contar uma lenda para eles, uma lenda que dizia que naquela fazenda, muitos anos atrás, se tinha criação de vários animais não naturais do Brasil, que ali era o único lugar onde podia se encontrar tais animais no Brasil. As crianças envolvidas com a história, foram adentrando os altos matos que cobriam a fazenda, no meio das crianças se encontrava Luiz e Ana, eles eram uma das duplas e foram seguindo pelo lado leste da fazenda. Já tinham se passado trinta minutos que a busca tinha começado e eles só caminhavam, sem encontrar o corpo de nenhum animal, já estavam quase desistindo quando Luiz chutou sem querer um pequeno dado onde se via o número 1 para cima, Ana por instinto agarrou o braço do garoto sem identificar que era um dado, o mesmo ao colidir com o pé do garoto, girou e o número 5 apareceu em sua superficie, os garotos se olharam e ao olharem novamente para frente, havia uma mistura de cores, a paisagem da fazenda se misturava com um mundo bem mais escuro, onde todas as plantações da fazenda estavam destruídas e alguns segundos após a mistura de cores passou e o mundo escuro reinou sobre a visão dos garotos, a única coisa que continuava intocável era o dado.
- Onde nós estamos? Ainda estamos na fazenda? - Perguntou Ana com a voz fraca que transimitia o medo que sentia naquele momento.
- Ainda estamos na fazenda, olhe o matadouro ali - Disse Luiz apontando para o horizonte onde era possível se ver uma edificação pequena e simples onde costumavam matar os animais - Só está... Diferente.
Os dois ficaram ali, parados por alguns longos segundos, até Luiz tomar iniciativa e seguir andando, Ana o seguiu e após breves segundos eles encontraram uma área que até então era desconhecida para eles, se tinha uma piscina com a água mais transparente que eles já viram, com várias manchas pretas dentro dela, a piscina era enorme, ao redor dela se tinha uma parede de pequenas arvores onde tais manchas pretas se encontravam também, um pouco mais nitidas. Luiz e Ana correram ao redor daquele lugar, Luiz agarrou uma das manchas e puxou para fora da moita de arvores que escondia, ao puxar, ele percebeu que era o resto do corpo de uma pequena girafa, tinha em média dois metros de altura apenas, o corpo não estava nojento nem fedorento, estava apenas preto e extremamente leve. Ana ao ver que as manchas eram apenas corpos de girafas, foi puxando todas as outras manchas pretas, juntando no total dezesseis corpos que foram deixados em um canto. Os dois se reuniram na borda da piscina, tentando decifrar como iriam pegar os corpos que estavam no fundo da piscina que aparentava ser imensamente profunda, Ana enquanto pensava em uma resposta, colocou os pés na água, no mesmo momento ela sentiu um grande icomodo na perda, sentiu ela se esticar, não chegava a ser dor, mas não era nada agradável aquela sensação, levaram alguns segundos até ela sentir seus pés tocando no chão, se levanto e ficou do mesmo tamanho que ficaria se estivesse do lado de fora da água, com suas longas pernas, andou ao redor da piscina.
- Ei! Espera, tive uma ideia!
Luiz antes mesmo de explicar qual tinha sido a sua ideia, colocou os dois braços dentro da água e soltou um grito que misturava alegria, medo e animação em apenas um fonema. Ele foi passando a mão pelo fundo da piscina e foi tirando todos os corpos existentes no fundo dela com a ajuda de Ana que ia chutando os corpos que a mão dele não conseguia pegar. Luiz sempre dava uma enorme gargalhada ao retirar o braço da água e ver ele voltar ao tamanho normal rapidamente.
Ao terminar de retirar todos os corpos, se encontrava dezenas de corpos do lado externo da piscina, entre eles se tinha mais algumas girafas, corpos de cobras gigantes, encontraram até corpos de seres que eles nunca tinham visto, quadrupedes com asas e um bico longo como o de um tucano. Os garotos organizaram todos os corpos e os carregaram de volta até o dado, alguns cairam durante o caminho e os meninos tinham que parar para pegá-lo. Ao chegar no dado, Luiz soltou os corpos, girou o dado até o número um ficar para cima novamente e o colocou no chão novamente, rapidamente agarrou os corpos de animais e no mesmo instante já estavam de volta, Luiz se abaixou e guardou o dado no bolso, sorrindo. De longe já se via todas as crianças reunindo-se com a avó para ver o que cada um tinha conseguido, Luiz e Ana foram andando devagar, carregando as dezenas de corpos, a avó olhava estarrecida para eles, Luiz e Ana se perguntavam se eles mesmo tão longe já conseguiam ver o que era que eles carregavam, Ana virou para Luiz e disse calmamente:
- O que nós vamos dizer para eles?
- Sobre o que?
- Sobre todos esses corpos, como vamos explicar o que aconteceu?
- Diremos que fomos pelo caminho certo e eles pelo errado, só isso.
- Você acha que eles vão acreditar?
- Como assim? Essa é a verdade, não é?
Luiz sorria abertamente enquanto caminhava até os amigos e a avó, fazia um belo dia, o sol desfilava pelo céu, quebrando o frio daquela temporada.

13 junho, 2010

Anormalidades normais

Já faz algumas semanas, talvez apenas dias, não sei como definir o tempo, acho que perdi tal noção, perdi o rumo da história, olho ao redor e vejo insanidades, vejo atrocidades, vejo um mundo irracional, procuro desesperadamente alguém igual a mim, alguém considerado anormal, alguém normal no qual a sociedade acaba por estereotipar que sou anormal, sendo eles os anormais no fim? Como posso aceitar que me digam como me vestir, o que ouvir e o que querer/ Como posso continuar vivendo desta forma? Como vocês, anormais, conseguem manter os olhos fechados por tanto tempo, com tanto medo? Vocês não sentem a curiosidade de ver o que há além do que é dado para vocês? Perdão se com tais palavras machuco algum de vocês, não é do meu feitio, mas vocês costumam fazer isso tantas vezes que talvez seja até agradável para minha pessoa ver vocês tomando do própio veneno, quem sabe assim, voltaremos a viver vidas dignas de seriedade, quem sabe assim, voltaremos a normalidade. Vocês são tão malvados, acabam tornando a tarefa de odiar vocês mais fácil para mim, coisas estúpidas explodem da boca de vocês, mas tudo bem, não posso falar muito desde defeito, peguei tal vício com vocês, mas em relação a dor... A dor que vocês causam um aos outros, isso não dá para se aceitar, me deixa deprimido, me dá uma angustia inexplicável, isso é anormal, mas para vocês, talvez, isso já seja algo normal.

Desconhecimento do conhecido

Quem pode afirmar que algo é ou não é real? Quem se atreverá a me dizer que minha imaginação não é real? Para mim meus monstros amigáveis são bem mais reais que certas coisas sólidas e concretas nesta dimensão. O real é relativo, como tudo que existe, ou não existe. Tudo que vivemos é real, todas nossas lembranças, todos nossos temores também são reais, todos nossos sentimentos que vão nos matando pelas beiradas, tudo isso é real... O amor, seria ele, algo real? Eu afirmo que o amor é real, mas não tenho certeza, quando o ódio me consome por dentro, vejo o amor se desfazer rapidamente, mas a morte... Várias pessoas não gostam da morte, e sendo sincero, ainda não aprendi como a aceitar passivamente, mas se pararmos para pensar, não existe um "aqui e agora", só existe as lembranças de o que passou e a torcida que o que ainda vai passar, seja tão agradável como aquilo que já se foi, a morte não é ir embora, é apenas seguir a diante, deixa para lá... Não importa para onde os mortos foram, onde eles nos esperam, isso é só uma parte de um todo que sempre será desconhecido por nós, seres ainda vivos, seres que nos auto denominamos de racionais, seres com suas dúvidas cruéis, seres humanos, somo nós, mortais, mesquinhos e que não conseguem compreender que o mais importante da vida é aqueles que estão ao nosso redor, ninguém consegue nada sozinho, todos precisam de todos, ao seu redor, para se lembrar de o que passou, para se esquecer de o que passou... nós nunca estaremos indo embora, estaremos seguindo em frente, sempre... para um lugar, que um dia, todos nós iremos descobrir.

01 junho, 2010

Dúvidas

Qual o sentido de tudo isso? Onde isso me levará? Onde isso TE levará? Qual o ponto de chegada? Onde foi que largamos? Porque alguns largam na frente? Porque certas coisas não causam hemorragias, mas doem muito mais que uma? Porque eu não consigo definir o medo? Porque eu tenho que acreditar em o que é me dito? Será que sou parcialmente louco? Será que sou e não passarei de apenas mais um? Quem disse que era necessário pensar antes de agir? Onde eu vou achar o ifinito? Porque sou tão dependente? De onde vem todas as minhas dúvidas? Algum dia alguém as responderá para mim? Eu não sei quanto tempo aguentarei. Quantas perguntas a mais eu aguentarei? Quantos amigos a mais consiguirei? Quanta felicidade ira me satisfazer? Quanto rancor terei que passar? Quando que vão me ensinar a voar? Eu quero aprender; Eu quero descobrir; Eu que conhecer; Eu não quero ficar aqui,alguém me leva daqui, alguém me estende uma mão, eu imploro, alguém me ajuda a descansar, alguém me ajuda na minha jornada, minha mísera jornada. Quem saberá a minha história? Onde eu vou repousar? Com quem vou repousar? Não dá para aguentar, alguém poderia me mostra a bola de cristal? Por favor.