03 março, 2012

One Tree Hill

Nathan, assim que escutei "achamos um cadáver", meu coração parou. Não consegui pensar, não consegui me mover. Agora que consigo ao menos me mexer, veio em minha mente um momento que tivemos anos atrás. Esse momento insignificante fica passando repetidamente em minha cabeça e não sei por quê. Era seu aniversário, seu primeiro ano jogando pelo Maryland. Jamie devia ter dois anos. Você disse que não queria fazer nada, mas eu insisti em comprar seu sorvete preferido. Lembra? Quando eu trouxe chocolate com menta, você perguntou por que eu achava que aquele era o seu preferido, e eu fiquei confusa. Sempre que tomávamos sorvete, era esse o sabor que você escolhia, mas você disse que "Rocky Road" era seu preferido. E você me olhou com tanto carinho e disse que só escolhia chocolate com menta porque sabia que era o meu sabor preferido. Foi quando percebi, pela primeira vez que você sempre decide as coisas pensando nos outros. Você fez tudo por mim e pela sua família. E me dei conta que ainda há muito o que aprender um com o outro! Desde então, Nathan, aprendi sobre o homem altruísta, humilde e forte que você foi. Nathan, não posso ouvir que você não vai voltar, que eu nunca mais vou poder descobrir algo novo sobre você, que nunca mais sentirei seu toque, seu amor novamente. Nathan... Por favor. Tivemos mesmo nossa última conversa? Nosso último beijo? Não sei o que faria se... Por favor.

01 março, 2012

Trechos de "Viagem Solitária"

"Somos seres únicos, a diferença e a diversidade entre os indivíduos são condição essencial da natureza humana.
Hoje sei que sou uma pessoa melhor, mais completa, mais corajosa, mais ousada e infinitamente mais livre."

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"Outro suporte veio dos papos que tinha com um amigo de seu pai, na época exilado político no Uruguai. Era o antropólogo Darcy Ribeiro, que, sem filhos, adotou o jovem em crise que frequentava sua casa para desabafar e fumar escondido. João considerava darcy seu mentor intelectual, quem lhe mostrou um jeito de habitar um mundo que não o compreendia. "Ou você fica rico pacra calar a boca das pessoas, ou vira um itelectual", postulava ao jovem."

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"Sobre a mania que temos de reduzir as coisas, ele desabafa:"Você nasce e morre dentro de caixas. Caixa da família, da escola, do casamento e depois vai para o caixão. Ponha o pé fora disso e você já é estigmatizado. Tem que ter muita estrutura para segurar a peteca da marginalidade".
Arrependimento? "Nem por um segundo", João responde antes mesmo de a pergunta terminar. Para ele, a escolha era tão óbvia quanto respirar. O problema foi convencer o resto do mundo disso."

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"O que importa é que a condição humana deve ser mais piedosamente convivida entre todos os seres humanos entre si, como este caso mostra e prova, com beleza exemplar.
Leiam-no e humanizem-se."

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"Apesar da minha vivacidade, do casarão, das três irmãs movimentando o ambiente, fui uma criança só e triste. Na pracinha, perto de casa, onde costumava brincar, era ridicularizado. No colégio, não tinha grupinhos e, em casa, não era compreendido. O que realmente gostava nunca podia ser claramente expresso. Numa espécie de revolta, cansado de dissimular, andava sujo, ocm roupas largas e despencadas. Quando podia, não penteava os cabelos nem escovava os dentes. Era um ser sem vaidade. Só me sentia bem quando de shorts e sem camisa."

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"Pressentia que o errado deveria ser eu, e não eles, mas que confusão! O pior é que quanto mais crescia, mais exigências iam sendo feitas, aumentando as dificuldades. Sabia não possuir um pinto tão grande como o dos outros meninos da minha idade. Mas alimentava a esperança de que ainda crescesse. Deitava na cama e ficava puxando o meu "pinto", para ver se aumentava. Ao acordar, a desilusão! Tudo continuava na mesma. Nenhuma fada apareceu. Nenhum milagre aconteceu."

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"Aos poucos, fui sentindo vergonha do meu corpo. Não ficava nu diante de ninguém. Era como se tivesse um defeito físico, uma aleijão. Não trocava de roupa na frente das meninas e me envergonhava quando o inverso ocorria."