19 dezembro, 2009

Partidas

Ela corria o mais rápido que conseguia, ela gritava o mais alto que podia, ela chorava, chorava lágrimas de dor, lágrimas de sofrimento, mas no exterior, ela era apenas mais uma garota com um jeans surrado, passeava calmamente pelo parque, observando os rostos estranhos, suspirou, uma forte pontada no coração, sentiu as pernas fraquejar, cambaleou e sentiu sua cabeça bater na grama como se estivesse caindo em um mar de plumas, não sentia dor nenhuma, mas uma senhora se aproximou e se ajoelhou perto dela, tinha os cabelos crespos, bagunçados e várias rugas que expressavam uma vida inteira de luta, a garota uniu todas as forças que podia e deu um sorriso, um sorriso fraco e cansado, a senhora correspondeu colocando uma mão na face da garota, aquele gesto fez a garota se sentir segura, a fez perceber que não estava sozinha.
- Calma, você não está sozinha.
Aquelas lágrimas que ela tanto guardava dentro de sua cúpula particular, aquela dor que ela tinha tanto medo de compartilhar, nunca ninguém a tinha dado confiança, mas, naquela senhora simples, magricela e com roupas sujas, naquela senhora ela encontrou tudo o que sempre procurou, mas já era tarde demais, tudo estava indo embora, seu cérebro trabalhava perfeitamente, todo seu corpo tinha força para viver uma vida inteira que a esperava, mas seu coração já tinha desistido, ela sentia aquilo, mas queria viver, aquela senhora tinha dado a força de vida que ela tanto precisava, todas suas lágrimas escorriam facilmente por seu rosto, a senhora continuava com aquele olhar acolhedor, aquelas mãos quentes, transmitindo todo o amor que a garota precisava, e enquanto as últimas folhas secas caiam das árvores já quase nuas, a garota fechava seus olhos, mas mantinha o sorriso, o sorriso que faltou durante sua breve vida, a senhora se aproximou e deu um beijo na testa da garota, passou a mão lentamente pelo cabelo sujo e desarrumado da garota, falou algo no ouvido da garota, um segredo entre as duas, a garota abriu um pouco mais um sorriso, estava morrendo, mas estava feliz, estava indo embora, mas deixava uma amiga, deixava um pouco de si no mundo, e ela sentiu uma pesada lágrima cair dos olhos daquela senhora, abriu os olhos por uma última vez, viu uma ruga não vista antes no rosto da senhora, viu a dor no olhar da senhora, viu aquilo que ela procurou por toda sua vida, e após um longo suspiro, partiu.

5 comentários:

  1. FDP FDP FDP
    e depois diz que não sabe escrever u_u
    Lindo, Valds <3333

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  2. Tenho um projeto que possui por base visitar diversos blogs, ao acaso. Vou seguindo a seta do alto de meu blog que diz próximo blog>>, ou então visito a lista dos seguidores de um blog ao qual cheguei por acaso.
    Entrei no blog desta pessoa que, espirituosamente, define-se como uma pseudo-intelectual, e assina o “Caixinha de Fragmentos”, porém não consegui deixar ali o meu comentário sobre um de seus textos.
    Caso você tenha alguma forma de contato com ela, queira avisar que não está funcionando a ferramenta de recepção de comentários da caixinha dela.
    Atenciosamente: Jefhcardoso>>de blog em blog.
    A propósito Valdemar: já conhece o http://jefhcardoso.blogspot.com/ ?

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  3. acho que o maior alivio é chorar externamente as lágrimas presas lá dentro. porque dói menos quando elas caem no chão do que quando encostam no coração.
    de incrivel sensibilidade teu texto.
    lindo.


    voltarei sempre :*

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  4. muito bom seus textos, gostei daqui já estou seguindo :D

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