07 outubro, 2010

"Obrigada por serem meus filhos"



Meus filhos,

Cada ano que passa admiro mais vocês: por suas posturas, por causa dos belos homens que estão se tornando, por tudo que vocês são, principalmente ouvintes, amigos e companheiros. Tenham a plena certeza de que vocês são muito amados e principalmente respeitados. Se tristezas acontecerem no decorrer de seus caminhos, continuem o grande desafio que é viver! Eu amo vocês, obrigada por existirem na minha vida!

Fátima Barbosa.


É com tais palavras amorosas que me contento. Não tenho mais direito a abraços, beijos, cheiros, gargalhadas, mãos dadas e muito menos o direito de te olhar nos olhos. Direitos foram tomados de mim, tomados na hora errada, na hora que mais precisava de todo seu apoio. Quanta falta de elegância daquele homem de coração tão amargo. Já se passaram várias semanas, mas ainda me pego sorrindo ao olhar teu sorriso estampado na foto, nem percebo as lágrimas que de tanto pedirem, permiti que entrassem em minha rotina. Foram dias difíceis, para ser sincero, ainda são bastante complicados de superar, é fácil de se falar no decorrer do dia, mas não há nada mais barulhento que os meus pensamentos no silêncio do quarto onde tento adormecer, não há nada mais doloroso que não ouvir resposta ao sussurrar para sua imagem que eu te amo, não há nada mais enlouquecedor que a ideia de perder quem me fez ser quem eu sou, ter que fazer dessa ideia uma realidade é indescritível, é algo que ainda não aprendi a verbalizar.
Eu me recordo com clareza aquele tempo em que madrugávamos no quarto, vendo aqueles filmes de drama que tanto gostavas, dos almoços de domingo em que se tinha aquele macarrão com um molho que só você sabia fazer, de quando morava com meu pai e passavas lá apenas para me dar um abraço, de como eu passava a mão por seu cabelo enquanto você dirigia. Eu escrevo aqui para tentar exorcizar toda essa dor que tenho carregado, as vezes me pergunto como estarei daqui a um ano, penso em 2011, estarei em uma faculdade, mas ao pensar nisso, penso que você não vai estar lá para comemorar comigo essa vitória, mas você me dizia que iríamos comemorar juntos, cadê você? Você me disse que estaria lá, você... É lógico que você estará lá, estará em meus pensamentos, mas, poxa, isso não é suficiente, nunca será.
Uma coisa que sempre achei bem ridícula sobre pessoas que perderam pessoas queridas é que sempre ao falar sobre a pessoa falecida, enfatizam as qualidades e apagam os defeitos, eu nunca compreendi direito, mas agora eu acho que entendo, ao pensar na minha mãe, não me vem a cabeça nada de ruim sobre ela, até os defeitos se tornam qualidades, pois sinto falta dela por inteira, até as brigas, os gritos, as palavras que não deviam ser ditas fazem falta. Nem adianta falar sobre arrependimentos, são incontáveis, mas o que me conforta e que tenho conhecimento que caso tivesse feito o que queria ter feito, ainda existiria outras coisas que desejaria ter feito.
Levei pouco mais de um mês para criar coragem de escrever sobre isso de uma forma mais racional, mas isso não mudou nada, eu continuo aqui, sentindo esse vazio e essa dor já virou amiga de tanta intimidade já existente, eu li este texto várias vezes pensando em como terminá-lo, mas acho que a forma mais sincera e crua de terminar isso é dizendo tudo que digo toda noite enquanto meus pensamentos não me deixam repousar: Eu te amo, eu preciso de você, volta, eu te amo, eu te amo, muito, muito...

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