14 outubro, 2009

Finais.

Ela deu o melhor sorriso amarelado que ela tinha e abaixou a cabeça, sabia que alí era o início, o início de uma nova fase, mas ela não tinha o menor desejo de mudar, queria continuar daquela forma, mas era algo que estava acima dela, ela não tinha opção, passou o punho pelo rosto, secando as lágrimas mais pesadas e mais amargas que ela já provou, deu um longo e barulhento suspiro e sem querer um soluço fugiu.
- Você sabe que eu te amo, você sabe que o que eu mais queria é que nós dois conseguissemos dar certo, você sabe...
Ela não sabia, ela não queria saber, queria o puxar pela camisa e ter a oportunidade de um último beijo, agarrar ele pela nuca e mostrar que a paixão ainda estava acesa, queria mostrar como ainda sabia seduzí-lo e o fazer querer ficar com ela mais que qualquer outro desejo existente naquela hora.
- O problema não é com você, eu que não me sinto preparado para continuar do jeito que estamos...
Do jeito que estavam? Ela sentiu a raiva parar na frente dela e incorporá-la sem pedir, os olhos ardiam de raiva, as lágrimas voltavam a cair, sua linda camiseta preta da banda predileta estava úmida, criou coragem não se sabe de onde e olhou direto para aqueles olhos, aqueles lindos e intimidadores olhos castanho claro, aquelas barrocas que lhe davam um charme único, ele estava com os lábios contorcidos, aqueles lábios, lábios quentes, sussurravam pelo nome dela, a chamavam, imploravam pelos lábios dela. As lágrimas escorriam como se um grande tsunami interior estivesse acontecendo dentro dela e decidido usar os olhos para colocar aqueles milhões de litros de água para fora.
- Mas, eu ainda quero sua amizade, você é muito importante para mim, sempre quero você ao meu lado.
Como assim? Não, não, não vai dar, era impossível continuar convivendo com a perfeição ao lado e não poder tocá-la, as mãos dela avançaram no peitoral dele por impulso, fixou o olhar nos olhos dele pelo máximo de tempo que conseguia, tempo suficiente para ele dar um falso sorriso que ela imaginou ter a intenção de ser reconfortante, aquilo só fez ela se sentir pior, aqueles dentes, aquela boca... Não, não novamente, não podia pensar nisso, aquilo tinha chegado ao fim, não ia acontecer novamente, saiu andando, tentando aparentar segurança no ato e controle nas ações, abriu a porta do seu apertado apartamento e falou com a voz mais firme que conseguiu, sem muito sucesso.
- T-tchau.
- Mas, precisamos conversar, não faz assim.
- Tchau, eu di-disse tcha-au
Ele abaixou a cabeça e foi andando lentamente, passou pela porta e chamou o elevador, se virou e olhou para ela, ela passou o olhar o mais lentamente que podia por ele, da cabeça aos pés, se sentia um pouco masoquista ao fazer aquilo, mas era algo necessário, não resistia, mordiscou os própios lábios com força e fechou a porta com força, as pernas tremiam, desabou no chão, se escorando na porta, engoliu o seco e desmoronou, colocou as pernas perto do peito e deitou a cabeça, chorava alto como um bebê jogado no escuro, o coração doendo, o pulmão sem funcionar, buscava o ar desesperadamente entre as milhares de lágrimas, tentava se acalmar, aquilo era a vida, precisava se conformar, não conseguia, não queria, não podia, não era algo que tivesse a mínima oportunidade de acontecer, eram anos de história, não era possível, era o fim, é o fim, foi o fim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário