13 outubro, 2009

Olhares

  Um olhar cansado, rugas precoces, ressecadas de tantas lágrimas que já suportou, o olhar esvaziado, desejando mais que tudo a cegueira, fecha os olhos e fica com eles fechados, guardando as lágrimas do mesmo modo que guarda os sentimentos, um problema para toda a vida, essa incapacidade de comunicação que acaba sendo guardada em particular e sendo transbordada mais tarde em palavras avulsas que juntam formam textos depressivos e mal feitos, o olho vai se entreabrindo e as lágrimas caem como água ao abrir a torneira, o pensamento viajando como se acompanhasse um avião, a lagrima se encontrando com o chão, o soluço quebrando o irônico silêncio exterior que mantém o grito inacabável do interior, o balanço das coisas, maldita mania de particularidade, os olhos ficam vermelhos e sedentos por outro mundo, por outro coração, reparando a alegria estampada daqueles dois, a imagem gira pela mente em uma sequência infindável de loopings que fazem o desejo mortal vir a lona desse todo grande circo, os olhos desviam o olhar embaçado daquela imagem repugnante, o ódio, a inveja, a raiva, todas se misturam por trás daqueles pesados olhos castanho escuro que só quer ser um lindo olho azul, que cultiva a alegria e o sorriso, o tal sentimento faz a respiração acelerar, os soluços vão indo embora sem serem percebidos, o coração vai perdendo a pouca cor que o restava, e sem ser icomodado a alma se liberta do corpo e deixa os tristonhos e solitários olhos abertos, o olhar suplicando amor, o olhar de desespero, o olhar que nunca vai ser apagado.

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